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ELEMENTOS GÓTICOS NA TRILOGIA "O MUNDO SEM DEUS", DE LÚCIO CARDOSO
Marina Sena
Conforme vem sendo demonstrado por diversos estudiosos, o Gótico mostra-se bastante presente na literatura brasileira, desde o século XIX. No século XX, Lúcio Cardoso foi um dos autores que dialogou fortemente com a poética, ao lado de autores como Cornélio Pena e Érico Veríssimo. Pelo menos três elementos característicos da narrativa gótica são recorrentemente observados na obra cardosiana: i) o retorno do passado, que assombra o presente das personagens; ii) as personagens monstruosas; e iii) os loci horribiles, onde vivem e transitam os protagonistas de Lúcio Cardoso. Além desses, outro aspecto acessório também surge com frequência nas narrativas do escritor: uma linguagem que explora um campo semântico negativo e frequentemente ligado à morte, à morbidade e à degeneração física e mental. Este artigo pretende ser um estudo de caso das novelas Inácio (1944), O enfeitiçado (1954) e Baltazar (2002), pertencentes à trilogia “O mundo sem Deus”. O objetivo é demonstrar como os elementos da poética gótica estão presentes nas obras cardosianas acima citadas de forma a consubstanciar uma visão negativa do mundo moderno.
Revista Abusões
Representações do medo no conto "A Casa dos Mortos", de Júlia Lopes de Almeida
2023 •
Raíssa Moraes, Gisele Guerra
O objetivo deste artigo é analisar o conto “A casa dos mortos”, de Júlia Lopes de Almeida, que compõe a obra Ânsia eterna (2020), a fim de discutir a representação do medo e a caracterização do ambiente fantástico. Para tanto, utilizou-se as considerações teóricas de Delumeau (2009), Ceserani (2006), Bauman (2008), Campra (2016), França (2011 e 2012) e Todorov (2017). A pesquisa é de revisão bibliográfica apoiada nos estudos teóricos do fantástico e dos estudos culturais de gênero. A autora, apesar de sua vasta publicação, ficou por muito tempo à margem da historiografia literária brasileira e, ainda hoje, são poucos os estudos literários brasileiros que a citam. Dessa forma, é de fundamental relevância trazer à tona os estudos almeidianos, assim como as manifestações insólitas na literatura de autoria feminina.
Abusões
A Dialética Gótico-Fantástica Em “A Mulher Vampiro”, De E.T.A. Hoffmann
Edson José Rodrigues Júnior
Resumo: O presente artigo se propõe a investigar como o escritor alemão E. T. A. Hoffmann reconfigura os topoi característicos da estética gótica para gestar narrativas fantásticas marcadas pela hesitação e pela ambiguidade enquanto procedimentos formais. Para tanto, analisaremos especificamente um conto em que essa dialética gótico-fantástica é patente: “A mulher vampiro” [Vampirismus] (1821). Basearemos nossa análise nas discussões sobre a estética gótica de Botting (1996), Punter (1996) e Punter e Byron (2004), nos pressupostos acerca do modus operandi fantástico segundo Todorov (2012) e Ceserani (2006), bem como nos de Volobuef (1999) especificamente sobre o fantástico em território germânico. A partir da análise, concluímos que diversos elementos temáticos do Gótico são fundamentais para a narrativa – o castelo, a fantasmagoria, a melancolia – na medida em que se articulam com procedimentos formais do fantástico para gestar uma narrativa que enseja o efeito estético da hesitação.
Abusões
Pilhas De Corpos Grotescos: O Gótico Contemporâneo Em Mariana Enríquez e Patricia Melo
2022 •
Caroline Façanha
Abusões
Horror, Violência e Epidemia: O Insólito Nas Narrativas De Mariana Enríquez e Juan Miguel Aguilera
2021 •
Ivan R. Marinho
Os textos literários permitem situar – narrativa e discursivamente – as doenças e as epidemias no âmbito de suas tramas ficcionais, construindo, a sua maneira, distintos mosaicos que refletem o mais imediato e o mais profundo dos tempos de ameaça pandêmica. Por sua vez, o horror, entendido como gênero, ao longo da história literária também instrumentaliza de maneira expressiva a imagem e a presença da doença, seja como tema, metáfora ou estrutura linguístico-literária. A partir dessa ideia, este trabalho estuda os contos “Las cosas que perdimos en el fuego” da argentina Mariana Enríquez e “Pureza de sangre” do espanhol Juan Miguel Aguilera buscando perceber como se propõe o tema da epidemia, bem como suas problematizações, utilizando o horror para compor as dimensões imagináveis e inimagináveis. Nas narrativas estudadas, o insólito se instaura e revela a opressão social e o silenciamento feminino, vistos como fenômenos doentios, patológicos, epidêmicos e imanentes às realidades cont...
Abusões
Edgar Allan Poe No Brasil: O Gótico De Berenice Traduzido Para a TV
2021 •
Emilio Soares Ribeiro
O escritor Edgar Allan Poe (1809-1849) teve uma grande influência na história da literatura, especialmente no desenvolvimento da ficção gótica e do conto enquanto forma artística. Embora também tenha escrito ficção científica, histórias de detetive, paródias cômicas e poesia, o autor se destaca pelo terror, em que expressa “[...] uma visão obscura do lado irracional da mente humana e sua tendência à autodestruição” (SCOFIELD, 2006, p. 32). Tal aspecto, somado ao seu estilo hiperbólico, repleto de referências esotéricas, aos elementos sobrenaturais de seus contos e a estranheza de seus personagens fazem de Poe uma referência na literatura gótica do século XIX. Desde o cinema mudo, os contos de Poe têm sido adaptados para a tela, em mais de duzentos filmes. Entre essas adaptações está a série brasileira produzida por Fernando Meirelles e dirigida por Pedro Morelli, Contos do Edgar (2013), transmitida pelo canal FOX. Analisa-se, no presente trabalho, como aspectos góticos do conto Bere...
Abusões
A Grotesquerie Parisiense: Traços Do Insólito Na Narrativa Policial De Edgar Allan Poe
Vinicius Loureiro
Edgar Allan Poe foi o criador de uma obra cuja grandeza artística é proporcional à heterogeneidade que a compõe. Fora do mérito de se tratar de um dos inventores da narrativa detetivesca, o autor legou à posteridade uma série de contos, poemas, ensaios e correspondências, tangendo desde os temas clássicos da literatura fantástica até uma produção humorística e tantos exemplos de ficção à moda especulativa de caráter filosófico. Por tanta variedade, não foram poucas as tentativas de segmentar sua obra conforme seus temas. Em meio a esse esforço de classificação, tornou-se habitual que se considerasse que os contos de raciocínio, grupo que reuniria os três relatos do detetive C. Auguste Dupin e alguns outros afins, estaria destacado dos demais. A justificativa passa, em alguma medida, pela defesa do contraste provocado pela aura de esclarecimento que permeia o conto policial, reflexo de um mundo desejoso de se organizar pelo conhecimento e pelos desenvolvimentos tecnológicos, contra o...
Abusões
Horrores (Des)Aparecidos Em “A Casa De Adela”, De Mariana Enriquez
2023 •
Marcio Markendorf
Soletras
O páter-famílias como vilão gótico em Úrsula, de Maria Firmina dos Reis
2017 •
Julio França
Published in 1859 by the maranhense writer Maria Firmina dos Reis, Úrsula can be considered one of the first novels written by a woman in Brazilian Literature. The work, however, remained for a long time away from any appreciation or analysis, and its author disappeared from our literary records. This article proposes a reading of this novel that only recently has aroused the interest of Brazilian literary studies. In this literary text, lots of gothic narrative conventions can be seen, especially the characterization procedures of the villains, whose transgressive actions constitute a source of horror for both characters and readers. We intend to take into account the tradition to which Úrsula is affiliated: the Gothic, or, more specifically, the female tradition of the Gothic. For this purpose, we have the propositions of David Punter (1996) and Fred Botting (1996), and the theories about Female Gothic from Gilbert and Gubar (1979), Diane Hoeveler (1998) and Anne Williams (1995). Our central hypothesis is that Reis, as other eighteenth-century writers, was a victim of the way Brazilian historiography dealt with the poetics of Gothic.
Abusões
ENTRE RUÍNAS, AMUJERADOS e CICATRIZES, (DES)ENTERRANDO PRETÉRITOS EM CONTRABANDO DE SOMBRAS
2022 •
Diedra Roiz